terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Relógio quebrado

Quebrar o tempo, quebrar relógios... tudo o que eu poderia querer! Brecar a fugacidade dos segundos só pra ter, por perto por mais tempo, as vidas que fazem parte da minha vida! Mais tempo... mais tempo pra conversar, ouvir suas risadas, assustar com seus espirros, dizer o quanto o admiro. Eu quero quebrar relógios, parar o correr das horas, porque essas despedidas impostas pela brutalidade do tempo quebraram meu coração. E cada caquinho remonta um momento, uma saudade grande!
"Não tenho medo, está chegando a hora de fazer a viagem!" Eu não acreditei, porque as pessoas da minha vida deveriam ser eternas. Sim, eu sou ingênua desse jeito, viu?! Também não sou valente, nem brilhante como o senhor, e por isso, peço desculpas pelas lágrimas incessantes, quando merece belas homenagens. Mas, eu sou péssima em despedidas, sua ausência dói. Vai em paz! Por aqui, como o tempo continua a passar... Até um dia!
Fica com Deus, coração!


Para Hermano Francisco dos Santos, in memoriam.
Meu bisavô e uma das pessoas mais brilhantes e admiráveis que conheci.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Despedir dá febre

"Despedir dá febre", já dizia Guimarães Rosa. E dá mesmo, vem aquele calor de dentro do peito, que sobe para o rosto, formando lágrimas quentes. Despedir dói! Essa febre queima a garganta, arde a alma, ferve o sangue, faz latejar os sentidos. Despedir dói! Não há antipirético que solucione a hipertermia, não há analgésico que faça a dor parar... Só as lágrimas podem confortar, somente as boas recordações podem anunciar a calmaria. Apenas o tempo pode diminuir a dor da saudade e provocar um sorriso nostálgico na evocação de uma memória.

- Nos separamos agora, para um dia nos reencontrarmos! Enquanto isso, procurarei seu sorriso nas estrelas, pois tenho a certeza de que você estará se divertindo por lá.


Dedicado a Hilda Leite Ribeiro, in memoriam.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Concordando em discordar

"Não é só pelo simples fato de ser do contra". Não, na verdade, a cada divergência de opiniões, os olhos dele brilhavam de entusiasmo na quase vã tentativa de a convencer da sua certeza. E ela adorava aquelas estrelas reluzentes que convidavam a viver...
"Sabe, continuarei discordando de você! É tão fácil viver assim... Ser do contra ao seu lado é ser feliz."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Espera

Tão visível a ansiedade nos ponteiros do relógio, que retraídos e tímidos seguem seu rítmo mecânico.
Reparou no céu azul?
Tão visível as escadas preparadas pelas nuvens, mas os pés estavam tão distantes...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O encolhimento do mundo

"O míope vê o mundo menor!". Sentiu-se atordoado com o som dessa verdade. Doía muito pensar que pudesse sentir menos por ver o mundo menor. Afinal, seus pés percorreram uma estrada, na qual aprendeu que sentir era tudo o que poderia oferecer ao mundo. Sentia que podia consertar o que estava errado. Sentia que podia transformar lágrimas em sorrisos. Sentia todo o sentimento do mundo... quão menores ou curtos tornaram-se esses sentimentos com o repentino encolhimento do planeta? Doía... só os míopes...
Ele via o mundo menor!

domingo, 3 de abril de 2011

Amor de verão

Aconteceu quando não esperavam. Todas as frases, todas as músicas, as situações tão parecidas com cenas de filme...
Mas, o amor de verão conhece empecilhos demais, e a vida não é filme. O amor de verão pega uma maria fumaça, e torce para que ela não quebre no caminho, que chegue no destino para de lá saltar! O amor de verão espera ser mais do que apenas uma estação, sonha ser eterno... apenas sonha. Porque, ele conhece poesias e verdades, ele sabe que Vinícius de Moraes estava certo: "Que não seja imortal, posto que é chama. Mas, que seja infinito enquanto dure". Porque, o que o amor de verão mais sabe é ser infinito...
E quando a chama apaga, o amor de verão se transforma. E porque, o amor é a essência da vida, ele jamais acaba. Conhece algo mais forte, bonito e verdadeiro do que a amizade?
-"E aí? Vamos ver o jogo?"

Reticências

É o silêncio pendente, a resposta desprovida de palavras. É o esclarecimento por inércia... É o silêncio que grita!

terça-feira, 29 de março de 2011

Euforia

Nota-se... é tão perceptível a qualquer um que ela já não caminha, mas flutua. Tem não mais pés humanos, mas os de um deus grego, Hermes. Salta aos olhos: ela anda nas nuvens, conhece o céu. O nome disso? Felicidade!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Onde mora o amor?

“O que a memória ama, fica eterno.
Te amo com a memória, imperecível.”

Disse categoricamente que Adélia Prado estava errada. A memória é perecível e a demência mata o amor. O “porém” foi tal conclusão: revoltou-se, quando a disse em voz alta. Foi só então, que decidiu procurar onde mora o amor! Ela sentia demais, amava demais para suportar o esquecimento, o esvanecimento de tudo o que lhe era tão querido. Se a memória não é eterna, onde mais se guarda o amor? Como tornar o amor eterno?

Mergulho

Após tantas disussões, era a primeira vez em que realmente conversavam. Ele sentia a angústia entalada na garganta, aquele medo de descobrir o fim, mas já era hora de encarar a realidade. E foi naquele instante de silêncio, em que soluções, respostas, frases de efeito são procuradas, naquele instante em que as palavras não saem, e o vazio de sons torna-se constrangedor, que os olhos dele procuraram os dela. Tantas vezes isso já havia acontecido, tantas vezes os olhares se atraíram... porém, dessa vez, o sentido era diferente.
- O que foi?
- Quero ver seus olhos. Quero mergulhar no seu olhar e descobrir se meus sonhos ainda fazem parte do seu futuro.