Encontravam-se naquele momento em que as palavras perdem força e se apagam, e no silêncio os olhos tentam conversar. Mas, por vezes, essa comunicação falha.
- Que foi?
- Seus olhos. Eles não mudam de cor quando os contemplo.
- Eles simplesmente não mudam de cor.
- Mudam sim. E é por isso que gosto de olhar longamente em seus olhos. Quero me lembrar da cor deles ao ir embora.
Ele sorriu meio encabulado, soltou um "você é doida!", mas a encorajou a continuar.
- Você me encantou desde o primeiro momento em que conversamos. Você me olhou nos olhos tão profundamente, que me senti desarmado, nu, como se pudesse ler meus pensamentos e saber todos os meus segredos.
- Isso te encantou? Eu ficaria totalmente desconcertada...
- Sim, e ainda fico desconcertado. Mas, também sinto uma sensação boa... Ninguém nunca me olhou assim, e apesar de estranho, eu sinto confiança, paz! Eu me apaixonei pelo seu olhar, e então te conheci. E não cogito me afastar dos seus olhos, nem do seu coração.
Dessa vez, ela ficou desconcertada. Lembrou-se de um poema do Arnaldo Antunes, sorriu. O poema materializava-se em sua vida!
- "Seu olhar melhora o meu."
Nenhum comentário:
Postar um comentário